2004-09-18 20:04:00

       
  


O ódio e suas funções terapêuticas de auto ajuda ou por um mundo melhor e mais feliz

Tenho certos vícios estranhos e bizarros.Um deles é assistir a certos
programas de tv que detesto.Alguns trechos, claro, que meu estômago não
é de avestruz.Desta linha estética, o meu preferido hoje é o ‘’saia
justa’’, por reforçar todos os preconceitos que se tem contra as
mulheres:a verborragia vazia, a filosofia de almanaque e a vulgaridade
travestida de polêmica intelectual.Antes que alguma liga feminista me
processe, explico que as moças do programa em questão é que são exemplos
isolados(quer dizer, nem tão isolados) dos termos que citei.Longe
de mim querer generalizar sobre ‘’a essência feminina’’(aliás, isto sim
que é coisa de feminista).

Mas o que era mesmo?Ah, sim,o programa. Vendo a Fernanda Young
disparar mais uma série de besteiras e escatologias envoltas em pretensa
sofisticação, cheguei a uma conclusão filosófica:percebi que o ódio é
de importância vital para a constituição do caráter de uma pessoa.Tão
importante quanto a amor.Bem entendido , o ódio, não o mal.Não quero
fazer mal à srta. Young, mas isto não me impede de detestá-la, o que
considero salutar para a formação do meu caráter.Quem não ama, vive pela
metade.Quem não odeia , também.O amor incondicional é uma falácia, e
mais:o amor incondicional é patológico.Não há como não odiar a
mediocridade, o mau gosto, a leviandade, a desonestidade.Amar a
humanidade inteira com todos os seus erros incrustados dá indigestão.É
como querer copular com todas as pessoas que vc vê na sua frente.É
inumano e grotesco.

Evidente que é preciso certo método ao odiar.Fazer beicinho a uns e
outros por pura antipatia pessoal não pode.São precisas razões embasadas
para se odiar alguém.O exemplo da srta. Young é pertinente porque ela, a
meu ver, personifica a falsa sofisticação, o falso talento, a besteira
bem dita(às vezes, mau dita mesmo).Ela é mais nefasta que um João
Kleber, porque este se coloca claramente como um sujeito idiota e mau
caráter.Já a srta. Young tenta se mostrar como a vanguarda do pensamanto
moderno.Por isto a moça representa um perigo muito maior que um João
kleber ou um Otávio Mesquita.Por isto o meu ódio embasado e bem
intencionado.

Reparem:o ódio é didático, se analisado a fundo.Se você o disseca,
inexoravelmente vai aprender a origem de suas opções, de sua
orientação.O ódio o ajuda a se descobrir, e em se descobrindo, o ajuda a
combater aquilo que o enoja.Claro que certos princípios éticos
universais ajudam a ter em mente aquilo que se deve odiar e combater.Ou
seja, também é preciso certa cultura e certo discernimento para saber
odiar direito, para que o ódio seja didático e o ajude a melhorar o
mundo.

O ódio também é terapêutico, porque ele desafoga suas mágoas e
frustrações pessoais.Quando se odeia algo ou alguém com razão(critério,
sempre o critério), há uma sensação reconfortante de alívio moral,
porque você descobre suas virtudes ao mesmo tempo que se revolta
contra os vícios .Uma coisa depende da outra, entendem?

Portanto, odiemos bem, mas sempre com critério e sensibilidade na
escolha de nossos alvos, assim como fazemos na escolha de nossos amores.
E assim certamente contribuiremos na construção de um mundo melhor e
mais feliz.

 

 Escrito por Adrilles Jorge às 22h43
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