Simplicidade
E Bush venceu as eleições.O mais votado presidente
dos EUA e também o mais votado contra.Com exceção de Nixon, nunca vi um
presidente capaz de suscitar tantas paixões contra e a favor(estas
últimas se circunscrevem ao domínio americano, claro).
A vitória de Bush é a vitória do simples, do prosaico.Curioso
observar que numa época de interrogações como a nossa, vença justamente
um homem pragmático, sem nuanças, sem ambiguidades.Não deixa de ser uma
reação contra o que chamamos de ‘’pós-moderno’’.Não há espaço para
dúvidas no governo Bush.Bate-se primeiro e pergunta-se depois.Todos nós
temos um viés reacionário, o que talvez possa explicar a vitória de
Bush.A busca por soluções imediatas, pelo pragmatismo, pela falta de
questionamento é a resposta para a eleição deste que é o mais simplório
de todos os governantes da história da humanidade.Em uma época de crise,
se aposta no mais elementar, no claro.Lembrem-se que esta mesma busca
de clareza levou ao poder o nazi-fascismo.
Mas Bush não tem o caráter facínora de um Hitler ou
de um Mussolini.Não, o homem emprega métodos de brucutu em nome da
defesa de uma suposta liberdade.Suposta porque o conceito de liberdade
‘’bushiana’’ pressupõe a hegemonia dos EUA como salvaguarda desta mesma
liberdade.É a autocracia de um modo de liberdade imposto aos demais.É a
ditadura da democracia imposta, da liberdade imposta, do capital
imposto.Sim, porque de acordo com os pressupostos americanos de
liberdade, só existe democracia em um sistema capitalista que promove a
liberdade do indivíduo de se expressar e de emergir
financeiramente.Claro que esta liberdade tem ampla margem de sustetação
nos EUA e pequeno alcance nos países periféricos.Em suma, o governo
Bush, que se arrastará por mais quatro anos é uma espécie de ditadura da
liberdade americana imposta.Um contra-senso simples e elementar na
cabeça dos atuais governantes do grande e generoso império.
Não culpo Bush por nada.Ele é um produto de seu
meio:um homem médio, oriundo de um meio prosaico, com valores fixos e
imutáveis;um homem que não conseguiu se sobrepor ao seu meio.Seu
problema é justamente este.Um governante deveria ser uma exceção, alguém
que tivesse uma idéia maior de valores éticos e sociais.Bush não
se destaca em nada.Ele é a representação fidedigna do homem comum do
interior americano.Ele é símbolo de uma visão ortodoxa e simplista das
coisas.
O mundo não precisa de homens comuns, precisa de
exceções.O senso comum é sinônimo de mediocridade, e a mediocridade é a
mãe da barbárie.Não se trata de uma dicotomia entre esquerda e
direita(Bush é um constrangimento para a própria direita), trata-se de
bom senso(não senso comum):as soluções simples têm um alcance limitado,
por uma razão simles:o mundo não é simples.