2004-12-23 16:56:00

       
  

Boas entradas e saídas

Não serei o primeiro nem o último a
macular a imagem de pureza natalina.Mas lá vai:Natal denota um
sentimento de tristeza, de melancolia funda e desagragadora.Sim,
desagregadora.Uma suposta época de fraternidade que se dá através da
exclusão.A apologia da célula familiar em detrimento do resto.Nada
contra a família, mas cada vez mais penso que prefiro os afetos de
escolha que os impostos;prefiro a família escolhida por mim mesmo, ainda
que esta não me escolha sempre.Não acredito em amor à humanidade
inteira, porque gosto de focalizar alguns aspectos particulares do que
me faz amar alguém.Prefiro o termo ‘’compaixão’’ que denota um
sentimento mais próximo do que se pode dizer ser fraternidade.Claro que
tudo isto passa longe do que vejo ser o tal ‘’espírito de natal’’.Não
vou aqui fazer diatribes contra o consumismo natalino, porque o ser
humano vive mesmo do consumo.Consumo de amor, de drogas(em todos os
sentidos), de roupas, de pessoas, etc.Mas bem que os publicitários
podiam ser mais sutis em seu ofício…

Todos são bons ou aparentemente bons no natal.Natal é
uma pose, da mesma maneira que é uma pose a figura de um Papai Noel
fruto da imaginação dos publicitários da Coca-Cola.Há algo de
visceralmente imposto, e portanto, falso no tal espírto natalino, como
se houvesse data marcada para bom comportamento.Os canalhas são
absolvidos, assim como os mortos tornam-se instantaneamente bons.E,
francamente, tenho certa antipatia tanto de canalhas quanto de bonzinhos
viscerais.A santidade me entedia.Prefiro a mistura do humano.É mais
divertida e mais saudável, até.

O tempo nos remete à data imediatamente
posterior ao natal:o ano novo, em que todos esperam por dias melhores,
por esperanças, etc, etc.Porque toda felicidade humana reside no porvir,
no que virá.A satisfação plena é a morte, tanto no sentido metafórico
quanto real mesmo.Não quero criticar ninguém que espere por dias
melhores, até porque sobrevivemos de expectativa .Mas de fato gostaria
de ser mais surpreendido sobre o futuro, que tem se mostrado cada vez
mais previsível, às vezes tediosa, às vezes tragicamente previsível,
contrariando as expectativas romanescas.

Prefiro viver um dia depois do outro.Não acredito em
datas, em celebrações de momentos, até porque , em tese, todo momento é
sagrado e medíocre ao mesmo tempo.Não se resgata um tempo passado
celebrando-o no presente.As virtudes específicas de um tempo são em
geral alteradas pelas condições de um determinado presente, o que
acontece de maneira canhestra com o natal.O passado não existe a não ser
como lembrança , o futuro paira no campo das idealizações, e o presente
nos escapa, como me escapa este instante, este segundo em que
escrevo.De certa forma, o tempo não existe.Estamos condenados a
continuar,a acontinuar sendo.Sabe-se lá o que.

 

No mais, é isto.Presentes aqui e acolá, tapinhas nas costas e desejos
de boa sorte.E festas de calendários criados que agradam sobretudo aos
crédulos e a antropólogos ‘’sem preconceito’’.Alguns estudiosos dizem
que a data do nascimento de cristo foi mal calculada e que o mesmo teria
nascido por volta de seis de Janeiro.Deve ser verdade.O Menino não
nasceu em meio a tamanha balbúrdia.Discretamente, deve celebrar seu
aniversário em silêncio.

 

 

PS:Ficarei de recesso até começo de janeiro.Até lá me releiam as
velharias, entrem nos arquivos.Deve haver alguma coisa por lá que mereça
algum crédito.No mais, boas entradas, boas saídas, bons fins e começos,
et coetera e tal.Muitas felicidades, sorte e muitos Adrilles para
todos(nem tanto, nem tanto…).

Até.

  

2004-12-21 11:38:00

       
  

Somos todos culpados sim senhor

Todos as religiões estão encobertas pela couraça do
politicamente correto, exceto uma:o cristianismo.Experimente atacar o
judaísmo, o islamismo, o taoísmo ou qualquer outro ‘’ísmo’’ que aspire à
transcendência e verá um exército de bons moços desfiando um rosário de
clichês surradíssimos em defesa das liberdades de expressão em cima de
sua cabeça.Mas ataque o cristianismo e ganhará os aplausos de uma turba
de pseudo intelectuais lhe cobrindo de glórias e de razão.

A moda intelectual é esnobar o cristianismo.Uma
espécie de cruzada às avessas.Tudo que é cristão ,segundo esta premissa,
é conservador, arcaico, ‘’careta’’.Chegou-se ao despropósito de
defenestrar o filme de Mel Gibson(’’passion’’) por ter mostrado que
judeus pediram a morte de Jesus Cristo, ou seja, acusaram o filme de ser
fiel aos evangelhos(!?).A turba enfurecida dos pseudo intelectuais
politicamente corretos quer o sangue daqueles que ousarem defender o
tal ‘’nome do senhor’’.Dia destes , uma conhecida quase teve um ataque
de apoplexia se dizendo furiosa com esta tal de ‘’culpa cristã’’.

Longe de mim querer fazer a apologia do cristianismo
ou de qualquer outra religião.Acredito que todas as religiões sejam, em
essência, um engodo mesmo.Mas, em certa medida, um engodo necessário à
sobrevivência, principalmente no que se refere às massas, que
desconhecem o valor da ética desprovida de qualquer simbolismo
religioso.E o cristianismo, tão achincalhado, contribuiu sim com avanços
enormes para a formação ética das civilizações.

O ponto mais atacado dos princípios cristãos é a
culpa.Pois bem, acredito que o sentido de culpa no
cristianismo seja sua virtude mais preciosa.A culpa cristã parte do
princípio elementar de que somos todos canalhas sórdidos e
mesquinhos.Somos o contrário do ‘’bom selvagem’’ , que nascia
basicamente bom e virtuoso.Que nada.Somos invejosos, preconceituosos,
homicidas em potencial.Desejamos , a todo instante, darmos uma rasteira
em nosso ‘’próximo’’.O grande achado da culpa cristã foi o de ter nos
tornado pecadores originais,nos ter mostrado o óbvio, que
somos pérfidos instintivos, que sem um freio ético ou metafísico,
saímos por aí matando e roubando ao bel-prazer.

A culpa cristã é a mãe da moral ocidental como a
conhecemos hoje;refreia os instintos animalescos do ser humano, nos
coloca em nossos devidos lugares, ou seja, no lugar de uma ínfima e
insignificante presença no universo.Somos pó mesmo, poeira metida a
besta.A constatação é simples e os exemplos abundam:Não fosse a culpa
cristã, saquearíamos os ricos, mataríamos os canalhas(os mais evidentes,
digo), estupraríamos as mulheres mais desejáveis, roubaríamos a mulher
deliciosa do nosso melhor amigo.Se não fazemos tudo isto, é por um
sentimento básico e instintivo de culpa, que é originariamente
cristão.Sem o cristianismo, ainda estaríamos na era da pedra lascada, em
que o tacape era o único discurso que valia.

E daí se, como dizia Nietzsche, cristianismo é platonismo para a
plebe?Funcionando, tudo bem.Um pouco de Sócrates e Platão, ainda que
mastigado para o populacho, não faz mal à ninguém.Evidente que há
excessos aqui e acolá, principalmente no que diz respeito à sexualidade
humana e que a Igreja, com seus vícios-morais, sexuais, éticos-, não é
exatamente um modelo de vida cristã.Mas , como dizia uma personagem de
Billy Wilder, nobody is perfect.E também como diria um bom cristão, é
preciso separar o joio do trigo.Não se joga uma tradição inteira fora,
por algumas maçãs podres.Mesmo que, às vezes, as podres sejam a maioria,
o que acontece quase sempre.Ou sempre mesmo.

  

2004-12-17 21:29:00

       
  

Carnaval atemporal

 

Matizes e tons variados que revestem um caráter

qual tecido breve, palimpsesto sem fundo,

transmutado em superfícies

permeado por ruídos, sabores, ventos

e sorrisos fáceis

 

A fantasia espalhafatosa cola-se aos membros

tão rápido afinam-se as próprias entranhas  

ao baticum de sons e valores ligeiros

 

O rosto molda-se lânguido e viçoso

ao prazer amorfo do  prestimoso gozo do prazer imediato

das conclusões póstumas

 

(Ah, doce aroma destes perfumes ocos que inebriam os sentidos

e fazem sonhar com um cheiro estéril que nos é alheio

mas que se moldam à  pele  por osmose consentida)

 

Na ânsia de se mostrar

Pierrot indeterminado se ausenta de si

e se encontra na primeira aparência palatável,

na primeira seda, na primeira maquiagem,

 

no primeiro corpo que sorve o desejo instintivo

de tornar-se acessível à sua miragem

e aos outros que por fim completam a fantasia.

 

  

2004-12-13 21:53:00

       
  

O pseudo amor ao pseudo corpo

Somos basicamente narcisistas.Todos.A civilização
nos ensina , aos pouquinhos( para não nos chocarmos) que o outro
existe.E que devemos amar o outro, o que já é , de início, uma
dificuldade.Depois nos ensinam que temos que amar o outro como a nós
mesmos, o que já é quase impossível.Alguns poucos aprendem e sofrem os
custos de sua abnegação.A maioria dá um jeitinho.

Um destes jeitinhos chama-se patriotismo.Amor na verdade é
desprendimento do próprio ego.Patriotismo é narcisimo projetado e
disfarçado de amor às suas cercanias, o que é redundantemente patético.O
egocentrismo latente de uma pessoa é tão forte que se projeta para além
dos limites do próprio corpo.Ama-se a si próprio, à sua casa, às suas
posses , à sua cidade, estado e , por fim, à sua pátria.O amor a algo
específico pressupõe uma escolha que diminui e às vezes exclui as
outras possibilidades.A única escolha amorosa possível e legítima é a
uma pessoa.Não se ama uma entidade abstrata como um país com costumes ,
culturas e hábitos diversos, que , por imposição, teve seus limites
demarcados.Amor à pátria nada mais é que narcisismo (mal) disfarçado.O
mesmo que torcer para um time.O amor à pátria pressupõe uma crença na
hegemonia de valores culturais que , na maioria das vezes, nem são os
seus.Ama-se a pátria como se ama a si próprio, ao seu corpo.Mas um corpo
fictício, e construído a dar entender que se ama o próximo.

Patriotismo e seu sucedâneo, o pérfido nacionalismo, são os pilares
do racismo, da intolerância, da guerra.Não é utópico dizer que somos um
só povo, porque em verdade o somos.Um povinho chinfrim, medíocre, uma
raça que não deu certo:a humana.Não deu certo justamente porque se
pretendeu tão megalômana que criou distinções entre si, de povos,
credos, etnias, e estabeleceu valores a cada um.Não quero aqui negar o
valor da competitividade, mas esta se dá exclusivamente no campo
individual, não no que diz respeito à culturas de povos ou países.O
processo cultural é competitivo, claro, mas os valores que se sobressaem
são sempre individuais, que se destacam no campo do pensamento e da
arte.O coletivo, por si só,apenas consegue articular grandes
organizações.Como o nazi-fascismo, por exemplo.

Amor à pátria é uma falácia.O que há é orgulho da pátria.Um orgulho
vazio e despropositado.E amor é o oposto de orgulho, nunca é demais
salientar.Mas este orgulho tende a acabar e a cair no ridículo, com os
efeitos da globalização, tanto os nefastos quanto os virtuosos.Soa quase
ridículo hoje em dia falar em costumes de um povo, dada a
descaracterização crescente do que se chamam ‘’nações’’ e a confluência
de culturas.A quebra dos limites culturais é hoje inexorável e tende a
se acirrar cada vez mais.Claro que há uma hegemonia econômica que impõe
um modelo acima de outros.Mas sempre foi assim.Como contraposição à
hegemonia da mesmice pasteurizada, volto aqui a falar no
indivíduo.Só se pode aproveitar esta mescla cultural através da escolha,
do bom senso.E povos que raciocinam em bloco jamais terão este poder de
percepção e escolha.Resta ao ser humano, individualmente, separar o
joio do trigo desta balbúrdia globalizante.

Para começar, nada mais saudável que parar de olhar para nosso umbigo
inexistente de nosso corpo irreal, ou seja, nossa pátria, e abrirmos os
olhos para o que pode até nos parecer estranho a princípio, mas que
porventura poderá ser aproveitado.E abandonarmos esta bobagem de
patriotismo, que é tão ridículo como masturbar-se pensando em si
mesmo.Sim, sim, caríssimos,patriotismo é tara.E das mais esquisitas.

  

2004-12-09 21:34:00

       
  

A inviabilidade da pureza

Vendo Tom Jobim em um especial de dez anos de sua
morte.O humor lúdico, mas bem intencionado, quase pueril, que desperta
simpatia imediata pela absoluta falta de malícia ou segundas intenções.E
descubro:Tom Jobim foi uma utopia.A possibilidade de um Brasil
romântico,edênico, essencialmente bom , quase casto;como uma
projeção imaculada de uma nação que não se converteu nas promessas
de suas boas intenções.Jobim , em sua música e personalidade, era um
nicho de branco em meio a um lamaçal.Não sei quem disse que o Brasil
precisava merecer Tom Jobim e a bossa nova.E é a pura verdade.

Curioso como estes oásis de beatitude(mas sem castidade, claro)
aparecem de vez em quando, quando as coisas estão negras.A obra de
Mozart, por exemplo, é uma celebração da vida que remete a um
estado de transcendência que foge às mesquinharias terrenas,
baixas.Mesmo o sofrimento em Mozart(e também em Jobim) é sempre
representado de uma maneira plácida, como que um caminho de purificação
para algo maior.Mozart sofreu o diabo, enquanto Jobim teve uma vida mais
que agradável.Em Jobim, a obra é fruto direto do seu estado de humor e
vida.Já a música de Mozart é uma espécie de redenção da própria vida, de
fuga prazeirosa de sua realidade.

Não sei se ainda é possivel hoje uma arte que remeta a um estado de
graça como  os representados pela obra erudita de Mozart e a
popular de Jobim.Na literatura , nem pensar.Não se faz prosa nem poesia
com bons sentimentos sem cair no ridículo.Já a música permite uma
elevação a um estado de espírito que pode dar em uma calmaria beatífica,
ao mesmo tempo doce e elevada.Talvez por sua configuração incorpórea e
absolutamente abstrata, a música pode ainda se dar ao luxo de ser
romântica e pueril, sem ser piegas.

Mas mesmo na música,acredito que as boas intenções estejam
definhando.Não se consegue mais ser ingênuo sem fazer rir, sem provocar
um riso de escárnio e um esgar de sarcasmo em quem já sabe demais
(excessivamente, insuportavelmente demais) a respeito de certas coisas
inexoráveis da vida.

Talvez Jobim tenha sido o último de uma espécie mais que extinta.Sua
música linear, melodiosa, não mais se adapta à maneira como se vive,
como se pensa, como se ama.Infelizmente, não há mais pureza possível.A
dor e a dissecação da dor e de outros sentimentos andam à espreita da
pureza desejada.Só mesmo um talento imensurável para escapar incólume da
conspurcação indelével de quem vive e se emociona.

O tempo é, por exemplo, de Godard, um dissecador de emoções; de
Schoenberg, um dissecador da própria música, de Joyce, um dissecador das
palavras.O romantismo está, até que alguém o ressuscite,
inexoravelmente morto, sobrando a uns e outros trôpegos o papel de
tentar ressuscitá-lo.Os últimos todos que tentaram falharam feio.

Não se ama mais ao som de Tom Jobim, ou de Cole Porter, ou de
Gershwin, sem que se tenha uma melancólica sensação de nostalgia de um
tempo morto, em que as emoções eram mais castas e encantadoras em sua
pureza.

Infelizmente, uma vez rompido o hímen, não mais se recupera a virgindade.


  

2004-12-07 18:14:00

       
  

Poema do desamor

 

Enfim já não te amo
Já não encontro em ti
o fruto da busca inconstante de onde não me acho
Já não me encontro no desencontro de tuas vielas
já não me perco em teu corpo, procurando me desorientar
já não acho em nossa fuga o único sentido que me anula
e me reconduz à prazerosa descoberta do vazio
prenhe da tua pessoa

Não mais me desespero na angústia reconfortante
de desbravar os teus descaminhos
porque perdi o norte de te caminhar
já não me encontro em tuas encruzilhadas

Tua presença se perdeu no esperado desespero de nos achar
Nos perdendo, nós desatados, já não sinto nossa falta

Para mim tu já não és:
me encontrei pleno
na lírica mentira silenciosa
do meu desamor.

 

  

2004-12-04 13:38:00

       
  

Ditadura da maioria

Democracia é charminho da
aristocracia para agradar o populacho.Deu no que deu:substituiu-se uma
elite decadente e cheia de vícios por uma plebe ignara que tenta imitar
os mesmos vícios desta elite.Aos trancos e barrancos, o populacho vai se
tornando tão sórdido em seus propósitos como quem os dirigia, com uma
pitada a mais de mau gosto , pagode e cerveja, diga-se.

Não adianta, a natureza humana é indelével e o poder
corrompe mesmo.Os subjugados de ontem são os feitores de hoje quando
chegam ao poder.O trágico atualmente é a escala, a proporção da
coisa.Democracia representativa significa a vontade do povo, não é
mesmo?Pois é.Muita gente querendo subjugar e exercer sua soberania
coletiva.Na democracia, todo mundo é rei.A ética é a da vontade
coletiva, o domínio, do senso comum.É inviável porque senso comum não
presta e casa onde todo mundo quer mandar , dá baderna.Quem pode mandar é
quem se levanta acima do povo, acima do senso comum e das vontades
medianas.Voltaire foi cruel, mas tinha razão:o povo precisa de canga
mesmo.

Não é elitismo não, é simples bom senso.O homem
comum, que é maioria na humanidade, não tem julgamento elaborado, não
sabe a origem de suas escolhas, vai sempre na onda, age por
instinto.Instinto não dá certo em questões políticas,instinto só serve
para achar osso e fornicar quando se está no cio.Ainda assim , alguns
cachorrinhos enterram seu cocô quando amestrados.É o que se precisa
fazer com o povo.Ensiná-los a pelo menos defecar com mais decência e
critério.

E não me venham com esta balela de luta de >

Poderia se falar no conceito de déspota esclarecido
como salvaguarda da sociedade, mas quem iria escolhê-lo?O povo?Como se
define e quem define o que seja uma elite confiável?O povo? Cruz
credo.Mas se ninguém é apto para escolher, qual a saída?Um golpe dos
eleitos espirituais e intelectuais?Também não dá.Esta gente é muito
pusilânime para dar golpe.Preferem ficar lendo no sofá. Como eu, aliás.

Por estas e outras, a democracia permanece, como
dizia Churchill, sendo o menos pior dos regimes.Ninguém sabe escolher,
mas antes a escolha que a imposição de brucutus(militares são o povo
sofrendo de megalomania armada).Também não sou mais criança para
acreditar em anarquismo.Se o povo não sabe escolher, pior ainda é o
mandato direto do povo sobre si mesmo.Seria o caos.Além disto, sempre
achei que anarquismo fosse uma espécie de liberalismo econômico levado
ao extremo.Estado mínimo, lembram?Pois é, anarquismo não tem estado
nenhum.Anarquistas são direitistas enrustidos.

Então, a duras penas , temos que conviver com esta
nhaca de democracia.Preferiria liberdade sob o jugo de algum
rei-filósofo, mas infelizmente, Platões estão em falta no mercado.E tome
a ditadura do pagode e da cerveja, a ditadura da maioria, do senso
comum, do gosto mediano, das sandálias havaianas, da feijoada(desta
última , até gosto.Ninguém permanece incólume ao ranço do populacho.Nem
eu, pobre de mim).

E não se enganem.Quando digo ‘’povo’’, não quero me referir às
>