2005-03-01 21:43:00

       
  

Declaração de amor

Prazer em receber teus beijos estéreis, tuas mentiras escamadas

teus lugares comuns que revelam verdades viáveis

que duram pela brevidade eterna da tua presença

teus esboços de certezas concretas

que delineam teu, o nosso caráter sutil e desencorpado

 

Prazer  em abrir corpo e ouvidos para as tuas ordens

infantis de adulta mimada, general que impõe as estratégias de uma criança

que conquistou sua autoridade pelos caprichos do corpo,

pela curva dos quadris

pela angulação torta do pensamento

por descaminhos reveladores de tua superfície mais oculta

abonadora de tuas virtudes disfarçadas de vícios cativantes

 

Na melodia das dissonâncias da tua voz, o prazer imediato da curva que 

não te define, da linha oblíqua que oferece o caminho torto que não te alcança

e que deslumbra os transeuntes que topam com tua natureza morta, sempre

ressuscitada pela autópsia de corpos retos, elementares,

mortos pelas tuas tangências

 

  

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