Apoteose e queda de um zé povinho simbólico
Abundam os discursos, ou pelo menos
abundavam, que dizem ou que diziam que a eleição de Lula tinha um forte
caráter simbólico.Um homem oriundo das >
Ah, longe de mim questionar as habilidades poéticas
de Zuenir ou contestar os parâmetros de Ziraldo, mas o fato é que houve
sim, a despeito de minhas pérfidas ironias, um caráter simbólico
inquestionável na eleição de Lula.O homem era mesmo legítimo
representante do populacho.Um ‘’igual’’ não só de Ziraldo, mas de todo
zé mané da esquina, vítima do eterno subdesenvolvimento brasileiro,
alguém semi alfabetizado, bonachão, falastrão, sem maiores habilidades,e
que acha que pode resover tudo no bico doce.Um legítimo brasileiro,
claro, o Sr. Lula da Silva.E deu no que deu:a comprovação de que não é
por baixo que se resolvem as coisas, a constatação de que o zé mané,
enquanto não for devidamente trabalhado, não consegue ser outra coisa a
não ser o zé mané mesmo, ainda que se torne papa, rei ou presidente da
república.
Os desdobramentos funestos da eleição simbólica
de Lula são muito mais edificantes e pedagógicos que o seu simbolismo em
si.O governo de Lula provou e prova ser inepto, antiético, incompetente
em matéria de gestão, e o que é pior, sem caráter: copiando a risca o
modelo econômico a que sempre se opôs.Sua aspiração máxima é ser um
adendo do governo passado.Com esta soma de falta de caráter e
incompetência, Lula vem paulatinamente destruindo o mito que se formou
em torno dele e de sua eleição.O que é ótimo para todos nós.Um país que
se preze, com mais de quinhentos aninhos, não pode adotar um mito
messiânico e utópico como salvador da pátria.Não dá.Já era mais que hora
de sairmos deste infantilismo elementar.A corrosão da mitificação de
Lula tem um caráter redentor para a boçalidade entranhada nos
brasileiros.Descobrimos enfim que Marx era meio ingênuo mesmo;que luta
de >
A eleição e queda simbólicas de Lula provaram que das
massas não surge nada além de um arroto ,fruto de empazinamento com
cerveja. Quando digo massas, digo em sentido geral. Lula é sim oriundo
das massas, no sentido de uma massa sem rosto, sem personalidade, sem
originalidade, ostensivamente medíocre;de uma massa que não conhece
limites de condição sócio-econômica. Se o bom e bem intencionado Lula no
passado fez piquete em porta de fábrica, também isto não prova muita
coisa a seu favor, a não ser que ele é bom de reclamar.E péssimo de
fazer, como se prova agora.Ora, bom de reclamar todos nós somos, não?
Então onde residiria o último resquício de personalidade carismática de
lula? Em suas boas intenções? Ora, eu mesmo sou um rapaz bem
intencionado.Em seu apreço popular por frango com polenta? Ora de novo,
popular por popular, o Fernando Henrique gostava de buchada de bode…
Resta então esta identificação melancólica com o populacho:o
português mal articulado, a fanfarronice e a vulgaridade latente.Foi
isto que sobrou do mito ”Lula”.E, no fundo, foram estas
características que o originaram. Lembro-me que seu adversário José
Serra também tinha origem humilde, tendo sido criado na periferia, filho
de camelô.Mas Serra havia estudado, não falava errado e não
dizia disparates. No subconsciente popular, isto
equivalia dizer que Serra havia ”traído” suas origens populares.O
verdadeiro simbolismo que elegeu lula foi o complexo de inferioridade
do brasileiro:a identificação do populacho(no pior sentido da palavra)
com alguém que lhe era seu ”igual”, menos ”igual” ao Ziraldo, mais
”igual” ao zé povinho mesmo.E é baseado neste complexo de
inferioridade e nesta identificação patética que Lula
ainda poderá ser reeleito.Alguém duvida?Meus amigos, não há limites para
o obscurantismo tupiniquim.