Mesquinharia virtuosa; corrupção lícita
Que dizer de um sujeito de má índole
que de uma maneira tortuosa e até mesmo nefasta caminhou o caminho da
virtude? Como tortuosa é esta frase, tortuosa será esta crônica, porque
munida de intenções subliminares do autor.Afinal, não é mesmo o todo
poderoso que diz escrever certo por linhas tortas? Pois cá estou a
seguir os passos divinos.
Mas enfim,o sujeito de má índole em questão é o
tal juiz ladrão de futebol que de maneira torpe foi comprado para
manipular resultados de partidas de futebol.O vício a que aludi é a
corrupção.A virtude é o descrédito do futebol como instituição.Claro que
uma virtude mesquinha, uma vez que esta atende aos gostos subjetivos
deste autor.Tenho pela cultura futebolística o mais cultivado e esmerado
asco,constituindo esta uma espécie de ícone da imbecilidade
nacional;uma excrescência de comportamento que rouba a cena de outros
aspectos infinitamente mais relevantes do cenário cultural
brasileiro.Daí minha satisfação em ver qualquer ente nocivo, qualquer
elemento desestabilizador que possa conspurcar o tal esportezinho
infame.
Imaginem um Brasil sem futebol.O paraíso que seria um
país sem comentaristas apalermados que discutem uma partida como se
fosse a guerra do Iraque, sem jogadores debilóides que não sabem
concatenar uma frase à outra, sem torcedores que trocam uma noite de
sexo por uma final de copa do mundo;imaginem um país sem esta
nauseabunda cultura futebolística que imbeciliza uma nação inteira…
Como diz o adágio popular, há males que vêm para bem,
e neste caso específico do juiz ladrão,o mal foi, vejam só, a
corrupção, velha conhecida dos brasileiros, a dar um pequeno passo no
rumo virtuoso do fim do torpe futebol.
Ah, não tenho ilusões tão desmesuradas e sei que o
esporte maldito continuará, apesar dos tropeços(acertados e nobres,
diga-se) de seus dirigentes.Mas ainda que nada acresente o fato da
arbitragem corrupta em prol do meu nobre sentimento de ojeriza pelo
futebol,não deixa de me acometer um certo prazer mórbido, mesquinho
mesmo, admito, em ver ludibriados os torcedores apalermados em sua
devoção passional a esta bobagem trágica que é o futebol.
Não consigo deixar de nutrir uma simpatia quase que
diabólica pelos tais cartolas que manobram resultados em benefício
próprio;mais ainda por juízes que trapeaceiam em partidas. São criaturas
que, inconscientemente, contribuem para o bem , agindo mal.Uma
contradição miraculosa, mais epifânica que o famoso dito de maquiavel, o
tal ”fins que justificam os meios.”Pois o Principe ideal de maquiavel
tinha consciência destes meios;já os cartolas corruptos são meros
párias que , através de sua desonestidade, contribuem para o beatítico
fim do futebol.A corrupção no futebol é, a meu ver, a única lícita e
perdoada.Tenho admiração por qualquer ser que contribua para a derrocada
do futebol, seja de que modo for.
Na minha tenra infância,cheguei a querer ser super herói de história
em quadrinhos.Por curvas tortuosas , este juiz corrupto recuperou minha
infância utópica, me devolveu o desejo de heroísmo perdido.Quando
crescer, quero ser juiz ladrão de futebol e acabar com este esporte
pernicioso.