Sósias disfarçados
Entre nada e coisa nenhuma, o
vácuo.A metáfora é pobrezinha, mas não há outra melhor para representar a
situação das eleições presidenciais do ano de 2006.A escolha de Geraldo
Alckmin para candidato dos tucanos deste ano configura o erro político
mais crasso e estúpido da história política nacional.Para enfrentar um
mau caráter populista(Lula), um medíocre egocêntrico, que por sua vez,
também não tem lá muito caráter, haja vista a maneira torpe como
garantiu sua candidatuta por cima de José Serra , o homem público mais
bem preparado deste país infestado de nulidades privadas e outras tantas
públicas também.
Lula e Alckmin trocam entre si vícios e péssimas
qualidades e têm muito mais em comum do que se pode
imaginar.Monoglotas, abstrata e objetivamente, são ambos iletrados
funcionais.Reparem no discurso de ambos, um amontoado de clichezinhos
enfileirados espalhando generalidades e conceitos vagos que atendem
aos mais baixos anseios populares.Enquanto lula representa o epítome do
zé mané da esquina, ignorantão, fanfarrão, primário, Alckmin parece um
membro da TFP(tradição-família-propriedade) ressuscitado:apela para
a carolice nacional, para os mais rasos rebaixamentos de conceitos
religiosos e a mais rame-rame das arengas conservadoras.
Vejam bem, não tenho muita coisa contra-ou a
favor- à esquerda ou à direita ,desde que os conceitos
sejam trabalhados direitinho, com um certo conhecimento de causa e uma
certa competência.Mas Alckmin e Lula representam uma caricatura, um
nivelamento por baixo destes mesmos conceitos.Tenho absoluta convicção
de que Hayek teria espasmos de nojo se ouvissse alguém enquadrar Alckmin
como um liberal conservador, assim como Rosa luxemburgo seria
acometida por uma TPM permanente se alguém dissesse(aliás, alguém
ainda diz?) que Lula representasse a esquerda.São, em suma, dois
bonequinhos sem ventríloquo, que se prestam ao discurso mais afeito às
suas histórias pessoais.Se Alckmin vestisse o macacão, seria Lula, se
lula tomasse mais banhos , seria Alckmin.A mediocridade pode mudar de
tonalidade, de roupa, de cor, mas é sempre expressa nos cheiros e
sabores.Quer seja na insipidez do chuchu Geraldo Alckmin ou na nhaca
suarenta e popularesca de Lula.
Ai de mim que tanto debochei do voto nulo daqueles petistas
envergonhados que diziam com a maior desfaçatez que ‘’todos são
iguais’’,petistas avestruzes sem vergonha que ainda teimavam em não
enfiar a cara na terra e em não desviar o assunto quando se comentava
algo sobre política.Ai de mim que agora, ainda que por razões mais
nobres, me verei obrigado a anular o voto pela primeira vez em minha
vida.Mas enfim, a esperança é a última que já morreu e que possa talvez
um dia ser ressuscitada.Quem sabe em 2010…