Sono
Poesia
Sono
De pessoas, circunstâncias e coletivos circunstancialmente anônimos
Já repararam como já não há lugar
para o mau caráter na dita sociedade pós marxista? Não há mais canalhas,
pessoas más, réprobos.Todo mundo é movido pelas circunstâncias.Quando
não é vítima da sociedade capitalista, o sujeito é no máximo um produto
de sua >
A nhaca é que este discurso prevalece hoje mais do
que nunca disfarçado(ou não) de defesa do social.Há um levante qualquer
do crime organizado, um massacre de cidadãos de bem por marginais, e lá
vêm os nossos políticos dizendo que tudo é problema de falta de
educação, que tudo é culpa da falta de investimento no social.Como se a
corrupção que grassa nos altos escalões do poder fosse produto de
excluídos e párias sociais…Ah sim, mas crimes mais sofisticados não
entram na cartilha de bandidos que tomam banho diariamente e vestem
Giorgio Armani.
Me desculpem um certo aparente tom de simplicidade,
mas tenho lá minhas saudades de um tempo utópico em que havia pessoas
boas e pessoas más e que as circunstâncias não tinham a griffe
sócio-político-metafísica que têm hoje.As pessoas são fracas, eu sei, e o
caráter de um sujeito é débil.Mas é nas horas de debilidade que se mede
o valor de alguém.Se um esfomeado e maltrapilho mata e estupra, ele não
deixa de ser nem assassino nem estuprador porque tem fome.E por mais
analfabeto que possa ser, duvido muito que o dito cujo não tenha o
mínimo senso-instintivo que seja- de que matar e estuprar é errado.Isto
tendo em vista que ele tenha matado para saciar sua fome, quer seja ela
por alimentos ou por sexo mesmo; isto sem considerar que há
gente que mata, rouba e estupra por sabe-se lá que outros apetites
doentios.
Mas os arautos da injustiça social sempre justificarão assassinos,
estupradores, ladrões, e tudo o mais com a magnânima desculpa da
exclusão social.Se o criminoso é rico e poderoso, se safa, por condições
do próprio sistema(Aí Marx chega a quase ter razão.Mas só um
pouquinho); se é pobre, tem o perdão social da intelligensia de esquerda
porque é pobre e excluído.Livre arbítrio? Ora, isto é coisa de
imperialista esteta e carola, dizem os bolcheviques pós modernos(E os
antigos também.No fundo, são atemporais em sua boçalidade).A moda agora é
culpar as circunstâncias.Pessoas, indivíduos,
subjetividade,caráter,opções,escolhas, são, segundo a esquerda
atemporalizada, ‘’conceitos’’ conservadores da direita.Então tá.Mas quem
é mesmo que forma as circunstâncias?
Pragmatismo quase utópico
No soy loco por ti, America.
Latino americanos reclamam sempre
dos estereótipos que o primeiro mundo lhes inflinge.Mas a nhaca é que
quase sempre o estereótipo cabe perfeitamente.Estereótipo vendido, ou
melhor dizendo, dado de graça ao resto do mundo.
A América Latina é o paraíso do populismo.Tem para
todos os gostos e vêm em todos os matizes e formas.Agora mesmo, por
exemplo, se instituiu o populismo racial, nascido da eleição de Evo
Morales na Bolívia.Troncudo e carrancudo, Morales, como o nosso Lula,
não tem plano de governo, é desarticulado e propagandeia uma política
estatizante, ‘’contra lo imperialismo’’, mas é uma belezura de ícone,
pois é índio.Bem,dizem as más línguas que é mestiço, como noventa por
cento dos latino-americanos.Mas que importa?Se o homem parece índio, é o
que vale, não? Com esta superioridade étnica, que importância faz ou
não um plano de governo?
No Chile a também recém eleita Michele bachelet bateu
o pezinho e proclamou que metade de seu ministério será composto por
mulheres.Resta saber se o quesito ‘’competência’’ estaria mais ou menos
emparelhado com o populismo de gênero sexual da senhora em questão.
Mesmo na Argentina, o discreto Néstor Kirschner não
faz frente ao maior ativista político de país:Diego Armando Maradona.Com
o exemplar quociente intelectual de um jogador de futebol, dieguito
brinca de embaixada com Fidel Castro e faz par romântico com seu ídolo
maior, o presidente da Venezuela, o célebre Hugo Chávez.O romantismo
aqui diz respeito àquela utopia ideológica Bolivariana, de conquista de
liberdades do povo latino americano-liberdade a toque de golpe militar,
diga-se.Porque los latinos são muito viris, por supuesto. dieguito
acompanhou recentemente seu ídolo Chávez em um comício contra a Alca,
contra os EUA, contra Bush, contra o imperalismo e contra sei lá mais o
que, em que Hugo dava saltinhos e dizia palavras de baixo calão em
ofensa aos imperalistas.Tudo muito romântico mas tudo muito viril,
claro.No melhor estilo do populismo militar e revolucionário.
Resta, entre tantos outros exemplos do salutar
populismo latino americano, o nosso Lula, profundo admirador de todos
estes aqui mencionados.Lula não é índio, não foi militar, não joga
futebol(ou joga mal), não é mulher.Mas foi pobre, virtude mais que
divina dentre todas as escalas do populismo.Lula é o epítome sorridente
do populismo social.Disse recentemente que não tem cara de zona sul
carioca, que prefere a periferia.Deve ter dito entre um trago ou outro
de um charuto cubano ou um gole de Romanée-conti, seu vinho
favorito(5000 dólares a garrafa), a bordo de seu aerolula.Mas claro:suas
raízes sócio-político-culturais, e diria até intelectuais, estão no
gosto peculiar pelo frango com polenta acompanhado por uma cachacinha.
E assim vai se construindo o famigerado preconceito-ou seria conceito mesmo?- do que seria o perfeito idiota latino americano.
PS:este meu texto acima
foi publicado aqui mesmo há alguns meses.A repostagem é
válida devida aos fatos recentes que corroboram ainda mais o que
escrevi.