Castelo
De grão em grão desfaz-se o castelo
Reedifico outros monumentos à memória das projeções desenganadas
Outros cultos ao porvir perpetrado no descanso da ilusão
e tornado presente nas paredes estratificadas de desgosto
Esgotado o cimento do autismo voluntário
reergo as muralhas do encantamento
à base da areia de uma tenaz ingenuidade
em torno à torre que apontará
o centro do tumulto das utopias particulares
De composição etérea, de fértil fragilidade
o castelo de devaneios recompostos
desabará ao primeiro sopro de realidade concreta
não menos concreta porém que a ponte inviolável
que me conduz à habitação
da permanente reconstrução do meu desejo.
De grão em grão refaz-se o castelo.