Invisível
Ainda não me veem
mas já tomam de assalto
o que nunca me pertenceu
mas já tomam de assalto
o que nunca me pertenceu
Já não me tocam
e contemplam o vazio tátil
das minhas chagas abertas
Percebem através do que não sou
a sombra viva da caricatura
dos meus ganhos em perspectiva
Intuem do toque sem tato
a pele ressequida pelas perdas
passadas em projeção
Dos olhos, vislumbram o tempo entranhado
nos desvios do desejo não consumado
Dos olhos, vislumbram a vida despendida
nas edificações dos atos trespassados
Não me veem
mas já constroem o monumento vivo
das ruínas que são – ou creem- minhas.