Um gesto
O toque fugidio de tua mão em meu braço:
ode canhestra ao acaso em descompasso.
Seria uma desatenção calculada do momento
ou epifania desarticulada enclausurando o tempo?
Seria a distensão lírica de um atalho
ou afeto bruto coroado em ato falho?
A resposta inconclusa de um suposto unguento
será o silencioso espasmo de meu tormento,
seria, não fosse a memória fossilizada
no apetite de uma circunstância,
a minha espessa sombra martirizada
na angústia de uma eterna ânsia
(o desvio do teu olhar em constrangimento
reconduz o tempo a seus recortes formais
desterrando o gesto do seu intento
a ele arraigando epopéias abissais).