Sadomasoquismo
Cai o espasmo de uma incerta melancolia
e do chão brotam de seus restos
frutos duvidosos de futuros sorrisos destroçados
Rasga-se o disfarce do desgosto
e de seus andrajos compõe-se a fantasia premeditada
de um carnaval insidioso que corrói toda nudez
Arranca-se da dor sua íntima expressão de prazer
Acalenta-se fracassos a serem convertidos
em sinais de uma pretensa aprendizagem
Queima-se o luto intemporal do desengano
e da chama desrespeitosa à treva necessária
nasce a fagulha que incendeia o descaso
de um corpo avesso ao seu repouso
Da cópula primeira, a semente
do torturante prazer da desnecessidade de sentido
Da cópula perene, a deleitável tortura
do princípio de um fim que não se concretiza.