2008-06-24 23:34:00

       
  

Meu Credo

 

Creio no que crio
no que não me pertence
na posse de minhas perdas
 
Creio no recomeço de um fim que não finda
no propósito que não define seu objeto
e que ama despropositadamente
 
Creio na mácula recôndita e indelével do branco
que translúcida filtra sua impureza
na virgindade fecunda dos desonestos
 
Creio na luz
que cega os atores de uma peça sem enredo
inventores de uma historieta de cochia
 
reconfortados pelo apagar dos refletores
que refletem suas sombras no tablado
onde ressuscitará um novo elenco
 
Creio nas chagas abertas de um Cristo Criado
à imagem e semelhança de um Deus Imperfeito
feito carne,sublimação do tédio do sublime
 
Crio o meu Credo à imagem de minha criação
Crio minha crença, minha filha sem dogma
que abortará a gênese da certeza.
 

2008-06-01 10:00:00

       
  

Contradições coerentes e inconclusivas

Nada sobrevive ao tempo
senão o íntimo desejo
da permanência do afeto
 
Nada sobrevive ao tempo
senão a irrealidade corpórea
do desejo de um fim
 
Sobreviverá o tempo, indiferente ao desejo,
qual invenção humana
na contagem dos despojos
da perda do eterno
inaugurada pela consciência
 
Morrerá o tempo, complacente ao desejo,
qual invenção humana
na contagem dos ganhos
da criação da consciência
 
Reviverá o afeto,
qual realidade humana
reinaugurando o desejo
da restauração do tempo
 
Tudo sobreviverá ao humano
que subsiste à sua perene sobrevivência reinventada.