Meu Credo
Creio no que crio
no que não me pertence
na posse de minhas perdas
Creio no recomeço de um fim que não finda
no propósito que não define seu objeto
e que ama despropositadamente
Creio na mácula recôndita e indelével do branco
que translúcida filtra sua impureza
na virgindade fecunda dos desonestos
Creio na luz
que cega os atores de uma peça sem enredo
inventores de uma historieta de cochia
reconfortados pelo apagar dos refletores
que refletem suas sombras no tablado
onde ressuscitará um novo elenco
Creio nas chagas abertas de um Cristo Criado
à imagem e semelhança de um Deus Imperfeito
feito carne,sublimação do tédio do sublime
Crio o meu Credo à imagem de minha criação
Crio minha crença, minha filha sem dogma
que abortará a gênese da certeza.