Feliz
De onde vem este sopro frugal
a macular minha doença?
Que verso compassado é este
que desalinha minha encruzilhada?
O esboço do corpo inviável desaba
ao toque estéril da alegria primeira
Ora virulento, o afago da felicidade
não mais se coaduna
ao sentido torpe de desvio
batizado por meu tempo
Protesto contra toda beleza
que, injusta,
corrói o bem comum,
esquartejado pelo desejo
Protesto contra o ego,
este que agora me encima
e me embrulha
oferecendo-me à doçura nefasta
de minha complacência
Protesto contra o êxtase,
que estupra meu sono
Protesto contra a plenitude,
que me arranca de meu beco
Mas meu berro não reverbera aos meus ouvidos
que só ouvem
o surdo som de meu sorriso.