2010-03-16 02:24:00

       
  

Um amador

Amava aquém do amor
indigno descoberto do visco do sublime
epidermicamente limitado
à carnadura do sentimento

Não era correspondido e não se correspondia
no que fosse seu desprincípio amoroso:
princípio sem fim, justaposto à tentativa fracassada
de desinvenção do desejo
que insistia em ser criado,
não obstante a teimosia do instinto,
este também limitado pela feroz lógica
das razões que norteavam as paixões

Amava torto por ausência de retas
Amava errado por ausência de nortes
Amava sobretudo por inexistência de opção
posto que no vazio também amava a idéia do nada

Amava além do aquém de si mesmo
Amava para sua salvação:
infantil em sua pretensa verdade imatura
havia de não acreditar em nada que não fosse amor

Amava sim imaturamente
para não ter de apodrecer
antes de brotar.

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