Das impossibilidades da indiferença
Móveis e utensílios contemplam sem vida
usos e desusos de moventes que os tocam
e indiferentes
sem saber à indiferença
-que esta é viva
nascida dos que diferem-
na pele queimada
pela ausência do toque
Que indiferença é esta
que não se sabe a conceito
e não se cheira a verdade
não se percebe
Viventes desusados contemplam
sem nada
sem indiferença
a ausência incalculada do que nos move
Móveis e utensílios
de pele osso carne
e algo mais que nos difere e une
em violento bocejo embalsamado
que nos eleva à condição de coisa tangível
que se sabe a toque
e, no entanto, não se aprende tátil.