Conselho ressurrecto
Não retornes, Lázaro, a esta doença
não tornes a abandonar o conforto uterino
que acalenta o sonho que exaspera a fuga
de onde vive o fim do desencanto
Não entornes, lázaro,
a dádiva de um provisório fim
pelas valas tortas de uma recidiva pergunta
que, por incessante, não vale o sabor do silêncio
a consumar o princípio do vento
que acaricia a perda
e cobre os frutos da memória
desdenhando os caprichos do tempo
incrustados nas mágoas da tua carne
e nos membros perdidos de tuas intenções
Não percas, Lázaro,o milagre da perda
que restaura a edificação de teus anseios
que retorna a encruzilhada dos lugares
que redime o objeto dos olhares
Não te deixes levar, Lázaro
por duvidoso milagre ressuscitado
de vozes não ouvidas
e nunca esquecidas
porque morte não há
onde dúvida é perene.