2011-03-31 15:05:00

       
  

Porque

Porque já não respondo por minhas respostas

por não questionarem o afeto de minhas razões

porque respondo por me esquecer

de perguntar à pergunta

a natureza de sua intenção

 

Porque já não contesto o vazio

que acalenta e aninha minha dor

como um ungüento a anestesiar

o que por criado ao vazio retorna

recriado por outro caminho

percorre a gênese do alívio provisório

que apascenta a culpa

do meu tédio evacuado

que  fustiga a pele anfíbia

do questionamento refeito

à maneira de um reflexo

refletido ao avesso de sua reflexão

 

Porque já não aguardo pela eternidade

e antes me ocupo de um breve instante

que me vale e traduz o tempo  escoado

pelos cantos de um sentimento colado

ao pé de sua fábrica malemolente

que rebola ao ritmo incessante

de sua recorrente subversão

obstinada em cravar a perda

que define o ganho da carne

que reveste a minha sombra

 

 

Porque já não pergunto à resposta

o que define o molde de sua obra

que resta imprecisa, aberta

ao esboço da pedra rudimentar

à espera da mão que será moldada

pela escultura que a redime.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *