Perda de tempo
Perda de tempo, dizem
Mas onde o ganhamos?
Na perda, ensaiamos o ganho
da experiência
e a desperdiçamos
nos hiatos futuros
do texto difuso
de nossos enganos
Perda de tempo, sussurram
E como o ensaiamos?
No seu uso, abuso de retórica:
conceitos utilitários que manuseiam
sua fuga
percorrendo os dedos
que agarram apenas
discursos planos
Perda de tempo, silenciam
E a que o somamos?
Em que o encaixamos?
Em caixão póstumo,
onde se veda participação ativa
de uma ação afeita
ao tempo que a anula,
de uma ação sujeita
à subtração de valores
que a permuta
Perda de tudo, esperam:
procriação das perdas
em gerações futuras
de novos enganos
consolidando o sentido
de supostos ganhos.