Aquela que se foi
Poesia
Aquela que se foi
Quod erat demonstrandum
Nomeamos- por indizível- o que não nos cabe
Onde não há objeto palpável,
tateamos a criação de uma intenção
Quando dizemos amor, ódio,vazio, tudo, qualquer
dizemos corte
do que nos cabe em nossas frestas
por onde sopramos nossa voz descabida
a fim de estabelecer o espaço de um eco
que flertará com o elo de outro sopro
a ecoar um desencaixe desmedido
Tateamos descabidos nosso cabimento
na nomeação que nos tatuam:
quando dizem Jorge, Patricia, dizem alguém
mas não algo do que somos
ou projetamos ser pela nomeação de nossos sentidos
Quando dizem nós, dizem ninguém
quando nós entrelaçados somos a corda esmaecida
a amar o repuxo atrevido da refundação de outrem
em nodosa reprodução desassistida
pela força centrípeta do esforço de um toque
Embaralhamos, indevidos, a poética de nossa desnomeação
onde quando, por sem opção, lambemos a cria
do batismo de nossa escolha
-corte do cordão do embrião multivitelino –
que nomeará a gênese cartesiana
de nosso parto atemporal.