2011-11-27 02:50:00

       
  

Aquela que se foi

Aquela que se foi não manda lembranças
Antes permanece como ausência tátil e consentida
entre o afeto deslocado e a memória do que poderia ser
Aquela que nos deixa permanece
próxima e distante como o conceito de humanidade
que abraçamos com complacência simbólica
e torcemos com retórica furtiva
coletiva em seus múltiplos desvios
que se distribuem e se destituem
no discurso que a define e perde
Aquela que se perde se ganha
na volta do que não se fecha
do que não morreu a tempo
de nos deixar inteiros
em nosso abandono incompleto
Nós, que não fomos
que exasperadamente não nos abandonamos
voltamos sempre-por distração do tempo
para aquela ou o que quer que seja
que se perde no caminho.

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