2012-03-07 15:13:00

       
  

Antologia do engano

 

Esta música que engana
com sua melodia orquestrada
que reintegra o caos de sons dispersos
no engodo da harmonia que me embala
Este quadro que me limita
em sua visão de uma ação que aspira ao todo
colorindo, matizando o instante que se dissipa
que se perde e se inventa na lembrança da mão que o pinta
e no olhar que o revela desvelando a intenção de sua pintura
Esta pedra que se quer gesto, ornamento, monumento, cidade
que se esculpe pela vontade
e se quer intenção de sentido
que se nega, volátil porém
como pedra complacente 
ao toque do escultor que  a inventa
Este toque que agride e acaricia
que também me engana, por concreto
e por responder o sentido da abstração
que não o explica
Esta escritura, este poema que se quer ordem
ordenamento de uma realidade que se vê ficção
por ilusória mesma ser esta distração
que
palavra por palavra
gesto por gesto
toque por toque-nos distrai
de uma distração maior
que nos embala, ilude e inventa.