O que não vejo
O que não vejo me observa,
me despe:
um rosto perdido,
presente na memória do impossível
um gesto desencontrado
ou esgotado na lembrança de sua negativa
algo ou alguém que se define- e me exprime-
por sua falsa ausência visível e tátil
de uma espera desesperada
O que vejo está aquém do que espero
O que enxergo, aquém do que alcanço
O que não vejo me enxerga
me toca me guia
e cobre de luzes
minha cegueira em espera.