Um rosto nunca se dá a sorte
de seu fundo conhecer.
Como a vida,
à semelhança da morte
que se cria
sem a si se conhecer.
Talvez o fundo
na superfície se escorra.
Por certo o mundo
de seu criar-se se corra.
Pele, terra e céu revestem
a visão
do que nunca se vê.
No que não se toca
também se sente
no que se mostra
também se mente.
Pele, terra e céu travestem
o ideal que sempre se crê.
Um fundo
só se dá a sorte
de seu rosto conhecer
que lhe encara – cego
travestindo a morte
certo
de jamais se perceber.