Desejo a você
que nada espere da esperança,
que reside na angústia do que desconhece.
Desejo a você
que antes de esperar,
conheça o desconhecido de si
, nada esperando de se encontrar,
antes contemplando a encruzilhada
de sua espera imóvel, movendo-a
para a ação da vontade que tateia o escuro
na busca por outro corpo cego de si,
abraçando-o, beijando a boca cega
que ilumina a cegueira tátil
de um amor desesperado.
Desejo a você
que deseje desesperar a esperança,
alimentando a ação que devora a fome
de sua espera.
Desejo que queira agir e amar
sobre o presente,
ternamente carregando acariciando o passado,
como noiva a ser deflorada
no presente futuro
aberto
ao toque afetivo
de sua ação.