O que não foi

O gesto negado
esquecido perdido
percorre um arco
até voltar sempre
à mão que o reteve
tocando a memória de um futuro
que não houve.
O gesto perdido acaricia
a bofetada de sua inação.
A palavra não dita é pronunciada
aos berros pelo eco que a acolhe
em seu silêncio.
O que se pensa
e não se articula
escorre sua inconclusão
na pergunta que se exclama
em definitivo.
O que se sente e não se pensa
escorre pelo corpo
que se exclama
em indefinido.
O que se pensa e sente
e não se doa
se devolve
qual dissolução.
O que não foi ainda é:
vivo em sua
sempre desacontecida morte
em eterna mortificante espera
por permanente interrogação
– ou desesperada ressurreição.

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