Olho o que sinto.
Ao longe, percebo
o que de perto engole
a cegueira de minha fome:
afago o corpo,tantas vezes ausente:
pedra talhada do toque
que molda o que sinto.
Toco o que sinto.
Afago a iminência da perda.
A perda se perde na miopia
do que sinto.
Estou vivo
e enquanto ganho iminente de perda presente,
memória sem tempo de ausência
– me sinto.
Vejo já o que não sinto.
Afago a pedra que esculpe
o desenho da ausência.
Sinto que deixo de sentir
e ao sentir que não sinto
minto
pois restauro no vazio
falsamente
não sentir
o que pinto.