O feio

Era vesgo, como Deus:
seu olhar mirava todos os cantos
e em nenhum lugar
brotava sua ausência,
como promessa de presença nunca saciada,
eternizada em eterna fome.
Era manco, como o diabo:
não andava, titubeava
na intenção da caminhada.
E parava:
olhando o céu,cego pela empreitada.
Era torto,portanto humano,
tudo queria,
tudo fazia
e nada entendia.
Mas porque não morto
se mexia.
Era feio,
porque a beleza não lhe bastava
feio porque o desejo o insultava
Feio, pois para os fins,
o belo era o meio.

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