Tão bom
a ponto de reconhecer o pior de si –
rasgando a nudez que cobria
a vaidade de sua miséria.
Tão mau que lambia a fome dos frutos
que arrancava de sua boca
quando os dava como prêmio
à didática da doação
que paralisava toda
aprendizagem de ação
– onde fundava
o gozo sem tempo da espera.
Nada aceitava
mas tudo roubava
em troca
de sua opressora generosidade
onde cultivava a ingratidão de todos
que o açoitavam na incompreensão
de sua ignorância articulada.
vítima consciente de sua vitimização
nada lhe faltava
na falta que o bastava
e transbordava.
Tão perversamente inocente
a ponto de reconhecer a construção de si
e vestir a nudez que lhe entranhava
a castidade de sua miséria