Respondo à bofetada
com o afago do rosto
que acaricia a mão da ofensa
Não respondo o mal
com um bem
que o mal é uma ausência
que se toca
em sua ignorância pegajosa
que cobre a placenta
de seu feto natimorto
antes embalo o feto
que ora morto
viverá para devorar
a vida do filho que o adota
( mas vida não se esgota
nem na morte que o aflora)
Beijo o mal
como à ausência
de uma boca que me nega
Toco o mal
com o desespero estático
de um desejo que se embota
Acaricio a bofetada
como uma fome
que me implora
Torturo o mal
que de mim se emprenha
Sou o aborto vivo
que da morte desdenha.