O que se ama é um estado de amar
não alguém , não algo.
O que se ama
é a criação
da vontade de algo, alguém
esboço do ideal inclemente
que mata o idealista
sempre assassinado
por sua póstuma ressurreição.
Ama-se na pedra bruta
a escultura que se esconde
ama-se na estátua revelada
a espera por seu movimento
O que se ama
é a falta tátil
que mora na procura
Realiza-se o sonho
no sono da realidade
de onde jamais se desperta
Não se ganha
não se rejeita
ou se é rejeitado
no que se ama
onde se sonha
a vontade da falta
O que se quer do real
é que ele desabe
qual estátua
que exploda em construção
à pedra bruta
da vontade insaciada
de sempre mais amor.