Nu
Nenhuma nudez será suficiente
para encobrir o que veste
sua intenção.
Não há alma que sacie
o fundo da sensação
do toque da superfície
de uma pele que não se esgota
nem corpo que se acabe
no movimento
que reveste e esconde
a pele do fundo de seu desejo.
Cria-se pelo toque
o objeto que movimenta
a mão que investiga
seu gesto que esculpe
sua cega intenção.
Cria-se no gesto
que desnuda o vazio
o objeto
do desenho do toque
que acaricia
e violenta a questão:
não há uso sem abuso
não há olhar ou toque ou criação
que não assassinem
o ideal de uma ação.
Não há nudez
que não vista
o corpo de uma ressurreição.