O que me falta não me basta:
o que me falta
sustenta a fome
de abocanhar a ausência
de sorver o que me rejeita
de agarrar meu abandono
até lapidar a escultura
que revele
a falta que me alimenta.
O que me falta não me basta
O que me basta me torna falta
O que me falta
está aquém do que quero
que é enraizar a falta
no feto
do que me sobra:
meu vazio
que espia tudo
que o envolve
questiona
– e nega.
O que me falta não se olha
desprezando o monumento
que dele ergui.
Eu sou o vômito fecundo
do que me falta
sou a ausência tátil
do que me falta.