Selfie

O sorriso tatuado na tentativa de alegria
se projeta na foto da imagem congelada
de uma intenção que se eterniza apenas
na intenção de uma alegria.
O sorriso fotografado
esconde sua intenção
do que sequer sabe do que se ri
e se revela como tortura alegre
aos que se riem da foto
ou se comovem – ou sequer se movem-
pelo sorriso
que não é o deles
sequer mesmo
é o de quem ri na imagem
agora sequer rasgada
pelo virtual que não se toca:
virtualidade eternizada
O sorriso na foto
chora ao tentar se eternizar
como alegria fabricada
e se tortura
pelo direito de mentir sua satisfação
até que o fotografado
se convença da mentira
que cobre a imagem projetada
de sua felicidade congelada
na foto que impede
o movimento de sua intenção.
O sorriso fotografado
parece
e no parecer
perece
em ação projetada.
O fotógrafo da selfie
não sorri
de seu sorriso
que não ri
(Toda própria imagem, um registro morto
de uma eternidade idealizada)
Utopia fotografada:
o fotógrafo se desola e se descola
e olha enfim no outro
a sombra de sua imagem revelada.

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