Chega a hora em que tudo cansa
e cansa mais o cansar-se de tudo
e nem descansar-se
do que nem mais se sabe cansar-se adianta.
Chega um tempo
em que nem nada fazer adianta
que o ato provisório sem descanso
é um mantra
porque o tempo nunca descansa
Não chega o descanso
nem mesmo
a quem tudo pensa que alcança
porque tudo foge
à sombra do querer
de sua lembrança.
Chega a hora sem hora
em que o ato lhe é atado
mesmo por erro trespassado.
Foge o erro
à esperança
que esta plena se desespera
e atravessa a própria espera
que nunca alcança.
Chega agora um depois
em que nada mais cansa
em que tudo é esperança
de se agir
no futuro da lembrança.