O transeunte

Passeava.
E devorava tudo que passava:
bocas, olhos, pernas,
sombras de corpos
de almas
que criava
à imagem e semelhança
da realidade insabida
de cada um
cuja distância tão próxima
o esmagava.
Andava
Engolia sua fuga
que em si se dissipava.
Tudo queria, a todos pedia
o nada de si que vomitava.
Como fixar em uma só pessoa
o coletivo que arrendava?
Não amava. Desesperava
a espera por todas as outras
que em nenhuma só pairava.
Implorava silencioso
a tudo que o negava
enquanto comia a fome
que de si exasperava.

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