Não houve silêncio suficiente entre nós.
Não houve a distância necessária
que tornasse possível
a visão próxima um do outro.
Não houve a distância necessária
que nos aproximasse.
Não houve distância
que desaproximasse a colisão do afeto
que se arrebenta na palavra inexata
que não exprime
a didática difusa do amor
que veste a roupa desalinhada
da posse do amigo
que vai se afastando
na expressão descosturada
da perda do amor que nos reveste.
Não houve palavra suficiente para nós
que não perdesse a posse do silêncio
que grita o que palavra não conseguirá dizer
do sentimento que a verbaliza
e sufoca na intenção.
Há ainda e sempre
entre nós
o aperto de mão não consumado
eternizado na distância
que nos caminha.