conselho ao investidor

Nada mais justo
que o que vai além da justiça
que o que doa para além do que lhe cabe
porque o que lhe cabe
nada mais é que o espaço tátil
do corpo que lhe encolhe.
Nada mais torpe
seria o cálculo da doação
que lucra com a intenção
da compaixão?
Seria a ação do mártir
falida pela sua intenção
de uma histórica comoção?
Um empréstimo consciente se faz
entre o usurário do afeto calculado
e o lucro de um bem imaginário:
um bem real se faz
mesmo pela intenção turva
que lhe traz.
O valor do lucro não jaz
na ressurreição da ação
que move o mártir
para além da sua torpe intenção.
Capitalize, investidor,
no erro mais acertado
do próximo ser humano
a ser viabilizado
ainda que o projeto inviável
seja você mesmo
a uma outra aparente falência
integrado.
Uma justiça não cabe
no centavo que a intriga
mas no lucro da doação
que a multiplica
para além da sua razão.

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