Justo

Injusto é tudo que não se ajusta
à justiça em que tudo enquadramos.
Não é justo o aceno negado
da beleza que se esconde
diante da procura que a inventa
Não é justa a feiura distribuída
que encanta as visões encantadas
à aparência de beleza
que inebria os cegos
que tateiam sua fome.
Não são justas as porcões de fome
que se distribuem no pão farto
engolido pela gula
que vomita seu apetite indiferente.
Não é justo o desejo
que jamais se ajusta à intenção
da oferta que o engana.
Não é justa a palavra inadequada
à expressão de sua intenção
que batiza sua sede de sentido.
A justiça se desintegra
na integridade que a sonha.
Mas o real não sonhado
não vale
um indolente acordar desesperado.
Justo
é o corpo
que não se molda
ao tamanho de sua desmedida
no universo que não vê
a consciência que o abriga.

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