Descansa-se de uma atividade
pela sua contrária:
o esforço físico
pelo intelectual;
o fracasso do desejo consciente
pelo sonho imaterial do sono
ou no ideal projetado no futuro;
o futuro que não chega
pelo tempo morto ganho no ócio
do presente ou na memória
que não descansa o que viveu
ou deixou de acontecer;
os arroubos da poesia
pela lucidez calma e enganosa da prosa;
a vida material
pelo ideal tátil do espírito;
o nada inexistente
pelo tudo que o define e extingue
em eterna ressurreição permanente
de uma coisa por outra
que nunca morrem
que nunca se cansam de não morrer.