Confinamentos

Várias são as prisões voluntárias
que pavimentam o caminho da liberdade:
os passos dentro de um quarto passeiam
a paisagem equidistante
entre o quadro da janela
e o que foge e sobra
à imaginação.
Vários os confinamentos livres:
ambientes de trabalho, namoros, casamentos, amizades, rejeições e aspirações
são companheiros de cela escolhida de onde escolhemos
os desejos herdados pela tradição que nos escolhe.
Alguma coisa na encruzilhada cheira a algo nunca visto
que abre a porta do quarto ou voa para fora da janela
e se espatifa no chão do céu de sua libertação.
Vários são os tédios voluntários
que pavimentam os cansaços da liberdade:
o céu do teto do quarto visto da cama
é menos ilusório que o prisma
que tinge de azul o céu
da sobra de universo
que não vemos.
O céu do teto do quarto visto
pelo sorriso do filho
cercado pelo berço
abre o resto de universo
que não vemos
e criamos.

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