O que gosto em você
é alguma ideia de você:
um dedo, uma orelha, um pensamento
um olhar furtivo que nunca encontra seu dentro.
O que amo e odeio no amor
é o ideal de seu uso e abuso:
uma palavra, gesto, corpo inexato
uma intenção esquiva
que jamais colide com seu pleno momento.
O que sobra na intenção
é a ação que nunca traduz
a execução de seu entendimento
ou o que não se basta
no desejo satisfeito
que sempre ejacula
seu sempre irrisório provimento.
O que jamais se enche de tudo
é o que sobra neste deleitável tormento.