Luz e liberdade

A mosca livre circunvaga
ao sabor do encanto pela luz
da lâmpada que a matará.
Um homem livre circunvaga
ao encanto do desejo
que ilumina a escuridão
de sua origem
(algumas lâmpadas acendem o escuro
de uma visão por demais clara que não enxerga
as sombras que desenham o contorno
de uma escolha)
‘De nada serve a liberdade
sem a devida consciência
de seu uso’
diria um observador das moscas suicidas.
De tudo serve a consciência
do suicídio de ser livre
em torno de toda luz
pela qual morre um homem.
Um homem livre como uma mosca
circunvaga ao sabor do encanto de toda luz
que fatalmente o matará
que fatalmente o viverá.
A luz, presa à livre cegueira
da mosca e do homem que a imploram
enxerga algum fim
no propósito
que os devoram.

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