O não vivido deixa um rastro
à sombra que ilumina a memória da inação.
Os lugares que não frequentamos
nos habitam eternamente em busca
do teto que protege do que não enxergamos
que falta .
As pessoas que não escolhemos
as conversas e toques que não tivemos atravessam
o que deixamos de ver e por nossos olhos cegos enxergam o nada
que tocamos .
O não vivido deixa um rastro de afeto inacabado sempre presente na ausência
de quem nunca nos separamos .
( mesmo aquele que por descuido não amamos )
Morremos cotidianamente na vida não vivida
em cada cuidado destroçado , palavra não dada, gesto desperdiçado , olhar atravessado, sono alienado .
Escolhas nos matam e nos empurraram
a uma ressureição cotidiana
de bilhões de hipóteses enterradas
que nos sobrevivem .
O não vivido é como uma prótese
enxertada na memória de
tudo em nós e por nós abandonado
O não vivido nos completa
em nossa eterna morte incompleta .