Amanhã construirei castelos que desabarão
como a areia que ampara meus sonhos ;
areia levada pelo vento
que não destruirá a arquitetura do meu ideal; ideal sedimentado
no vento
que leva minha paixão ao espaço
ecoado no tempo
Amanhã Farei discursos que ultrapassarão
o sentido das palavras
e inaugurarão uma nova língua
que ditará uma nova tradução da existência que recriará uma nova humanidade em
nós .
Por ora , ensino uma criança a falar
a murmurar entre grunhidos
o sentido da falta :
a falta na sua fome
no seu desejo por um mundo
que obedeca sua vontade difusa
do que ela jamais tem exata consciência
de querer .
Ensino à criança os gestos
da construção do castelo
e a arquitetura da sua destruição
levada pelo mar pelo vento
onde repousa a memória eterna
de sua ação .
Ensino à eterna criança
O valor terno e eterno
de palavras inacabadas
e castelos furtivos
tatuados no vento
que chegarão
como brisa suave
acariciando um adulto .