Mentes sobre a mentira
que ela repousa sobre
a opinião enganosa
que habita a sentença
que pariu tua visão de mundo
que queres empurrar para dentro
do útero da realidade
qual o revés de um parto
em que matas o possível
nascimento da verdade
Da realidade nasce
O imaturo feto da verdade
e sua eternidade tem cheiro
de uma breve e primeira idade:
fatos e juízes cobrem a verdade
de uma placenta pegajosa
que sufoca sua mobilidade .
Órfã , a verdade aprende a caminhar
sem pai nem mãe
passeando sobre a cegueira do juiz
que tenta aprisioná-la à sua sentença.
Nascer jamais se esgota:
de um feto abortado
fica a mágoa ressentida
cuja cicatriz aberta semeará
um novo filho
que embalará a esperança
que dará à luz
a uma sempre ressuscitada verdade
O choro de um sempre recém nascido
silencia
a sentença do juiz
que limita a verdade .
o primeiro toque breve
e delicado da criança
em sua mãe
ultrapassa toda prisão
da eternidade .