À sombra da justiça

Tudo parece perdido . Tudo parece morto . Uma toga negra sombreia a luz da realidade como a caverna de um homem só
que cega a todos pelo medo.
Nada se perdeu . Nada está morto.
Basta um olhar uma palavra um gesto
basta olhar para além da toga
e o real se descortina em esperança
para além da sombra torpe do juiz
que desvia as palavras certas
por ações turvas.
Basta outro homem dizer a palavra certa adequada ao seu sentido
Basta todos os homens
dizerem a palavra certa ajustada
a seu sentido
e a sombra da toga se rasga
e se desnudará o corpo da realidade
em forma de justiça e esperança.
Por ora vivemos na sombra da toga
apavorados pelo temor de um abrir de olhos
que rasgará a túnica do falso juiz
que julga a culpa como modelo
E corrompe a língua :
A liberdade morta pela falsa proteção
A proteção morta pelo limite da opinião
A coisa pública enaltecida
pelo interesse privado
O povo calado pelo juiz ventríloquo
que fala por todas as línguas cortadas.
Por medo
Jornalistas calam a justa palavra
Juristas calam a justiça
humoristas engolem a graça
mulheres sufocam o parto
que daria à luz nossa real liberdade .
Por ora não abrimos os olhos por medo da luz
que nos atravessaria
Clareando nossa covardia
Iluminando a açao
que nos ressuscitaria
melhores que nós mesmos .
Por ora estamos mortos
à beira de nossa ressurreição
ao alcance de nosso abrir de olhos.

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