Aviso redundante e desnecessário : isto é um poema . Com milhões de significados latentes .
Milhares ali reunidos ,todos inocentes da sua culpa , inocentes de sua razão , sem saber pra onde vão porque estão onde estão
Ninguém sabia ao certo qual o crime cometido , qual a nova ordem proferida , qual a razão da lei cometida contra eles que se julgavam justos ou afeitos ao comum das normas
Ali a liberdade era a do toque , do olhar de interrogação , liberdade de desespero tácito comungando entre as certezas vivas que se entreolhavam em misericórdia . Liberdade de interrogar em comunhão o desespero que os prendia .
Sabiam todos que iam pro cadafalso
como todos sabemos
que morremos no fim
mas nos agarramos a algo no meio
que nos aleita antes do cadafalso:
um olhar de esperança um gesto de carinho uma pequena sopa de justiça
O caminho para o fim era e é um eterno começo . Fim mesmo era deixar de caminhar
mesmo no pouco espaço de sua cela .
Ali , entre os milhares
Um cão fiel a seu dono lambia sua falta de consciência em forma de fidelidade e afeto
Ali , uma criança presa perguntava a uma mãe
a hora de ir embora .
Ninguém vai embora de seu lugar . Os lugares nos habitam . São as pessoas que fazem os lugares. Nós somos os lugares .Não há paraíso que resista a angústia de uma solidão acompanhada . Não há solidão ou angústia que resistam a um toque de uma mão que caminha na cela aberta a uma esperança .