A vida se devora

A vida se devora
o tempo se come
nos desperdícios da hora
no erro póstumo
do incalculável agora
A vida se devora
no amor
que morre e se renova
num outro desejo que se implora .
Um bicho come o outro
para sobreviver
e esquecer a morte de quem devora
O bicho vive na eterna permanência
da angústia do agora.
O bicho humano se canibaliza
na confusão da hora :
sua vida se alimenta de vida:
Você se doa comendo teu eu
e a sombra da indiferença
de um outro
come a tua aurora .
O seu amor se alimenta e se devora
no desejo que se reproduz
na vontade da eternização do agora.
Agora e sempre a vida implora
a cegueira das mãos que esculpem
o sentido de viver
a vontade de permanecer
que seus olhos e mãos devora .

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *