O espaço entre a pedra bruta
e a escultura que o artista nela sonha.
O espaço entre o ideal que se esculpe
de quem se ama através da pedra bruta
de sua realidade a ser atravessada .
O espaço entre a mão que toca
no que há na pedra bruta de quem ama
e a indiferença da pedra viva que foge
ao toque que descobriria seu fundo .
O espaço vazio que adora a si –
que se deslumbra pela distância
que enxerga apenas a sombra
de querer ser desejado .
O espaço entre milhares de quilômetros
de uma viagem que nunca termina
que quer tocar e esculpir o tempo
entre nós.
O espaço infinito entre um gesto
que deixou de acontecer
e o sonho de uma realidade
que descobriria a arte viva na pedra .
O espaço até entre uma vida que se foi
e de um querer que não termina
por um toque sempre presente
que inaugura a escultura viva
da mão ausente que ainda
toca na tua
e te descobre.